terça-feira, 5 de abril de 2011

Insônia

Nessa noite, quando eu menos esperava a insônia me atingiu. Atingiu-me nas formas de mulher, não uma mulher, mas A Mulher.  Aquela que chega em fragmentos  –  o perfume que sempre usava,  o olhar desviando um pouco pro chão quando falava por muito tempo, o toque do cabelo em minha mão, a forma de dizer meu nome de modo quase infantil mediante a saudade... O sorriso aberto com o dente levemente torto e tudo mais. 
Um aroma, um gesto, uma textura, um som... Um detalhe. Peças de um quebra cabeça que se juntam pra formar uma lembrança que acompanhada por uma música “boba” nos faz lembrar momentos tão bobos quanto, de uma época em que ainda era possível pensar que ela um dia estaria ao meu lado não como fragmentos de uma memória melancólica que faz com que eu vare a madrugada transformando-a em literatura, mas como a garota ideal que dormiria ao meu lado.

Pena que o Ideal é apenas uma idéia e assim sendo fico aqui, acompanhado apenas da Insônia, que apesar de ter seu cheiro, seus gestos e seus detalhes, não é ela.